sábado, 25 de setembro de 2010

Susan Sontag















«Conheço agora alguma da minha capacidade… Sei o que quero fazer com a minha vida, tudo isto sendo tão simples, mas tão difícil para mim sabê-lo no passado. Quero dormir com muitas pessoas – quero viver e odeio morrer – não vou ensinar, nem tirar um mestrado depois de fazer a licenciatura…
Não tenciono deixar que o meu intelecto tome conta de mim, e a última coisa que quero fazer é admirar o conhecimento ou pessoas que detêm o conhecimento! Não quero saber da agregação de factos de ninguém, excepto quando for um reflexo [da] sensibilidade básica que necessito… Tenciono fazer tudo…»

Susan Sontag, in “Renascer” Quetzal, 2010
trad. Nuno Guerreiro Josué

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


















A filosofia ocupa-se de problemas fundacionais insusceptíveis de resolução científica, recorrendo à análise minuciosa, teorização intensa, formulação rigorosa e argumentação imaginativa. Um matemático só se ocupa de problemas que possam ser resolvidos recorrendo a técnicas matemáticas; o filósofo procura saber o que é um número. Um físico procura determinar vários aspectos da constituição íntima da matéria que podem ser determinados matemática e experimentalmente; um filósofo procura saber o que é exactamente um particular, por oposição a um universal. Um artista pinta quadros, pressupondo o valor da arte e a sua natureza; o filósofo pergunta-se qual é o valor e a natureza da arte. Um sociólogo pergunta o que pensam as pessoas acerca do aborto, tendo em conta a sua origem social, grau de instrução ou filiações religiosas e políticas; o filósofo faz a pergunta fundacional de saber se o aborto é moralmente permissível e porquê.

Desidério Murcho

sábado, 11 de setembro de 2010

Madame de Staël


















Dona de uma personalidade brilhante, escritora, poetisa, activista política, e feminista, Anne-Louise-Germaine, Madame Baronesa de Staël-Holstein, é geralmente reconhecida como a primeira filósofa política. Filha única de um rico banqueiro e de uma escritora suíça, herdou dos pais a paixão pelas letras e pela filosofia política, e um grande interesse pela coisa pública. Viveu num período crítico da história da França, compreendendo os anos de Luís XVI, da Revolução Francesa, da era napoleónica, e da restauração da monarquia dos Bourbons com
Luís XVIII. Ela teve um importante papel na corrente minoritária de livres-pensadores moderados favoráveis a uma monarquia constitucional, mas que saíram derrotados tanto pela feroz maioria radical vitoriosa na Revolução, quanto por Napoleão e pelos restauradores da monarquia.
A perseguição que sofreu de Napoleão – ele representava a negação de todas as liberdades que ela defendia – fez dela uma figura mártir e heroína, que alentou a resistência ao imperador em Paris, na Suíça e em toda a Europa. Deixou livros e artigos, e também inúmeras cartas que escreveu aos seus amantes declarando as suas frustrações e os seus anseios de felicidade.